Moradores reclamam da falta de medicamentos de alto custo em farmácias do Hospital das Clínicas e do Departamento Regional de Saúde (DRS).
Fonte: G1
Com um câncer na cabeça, Maria Aparecida Rezende Anzuine depende de um medicamento que custa R$ 1,2 mil, em falta há dois meses na farmácia de alto custo do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), onde é fornecido à paciente gratuitamente.
Desesperada ao ver a progressão do tumor, a família decidiu se unir e fazer uma “vaquinha” para comprar o medicamento em outro lugar, por conta própria, mas a mobilização parou na recusa da unidade em entregar a receita, afirma a irmã de Maria Aparecida, a vendedora Neuza Maria Rezende.
“Nós estamos desesperados, porque a gente não sabe mais aonde ir e o que fazer. A gente está com as mãos atadas, dependendo da boa vontade sei lá de quem. A gente fica sem saber o que fazer”, afirma.
A história de Maria Aparecida ilustra o drama vivido por quem depende dos medicamentos fornecidos pelas farmácias de alto custo no município. Além do HC, a falta de remédios é apontada por pacientes na unidade do Departamento Regional de Saúde (DRS).
Procurado pela EPTV, afiliada da TV Globo, o Hospital das Clínicas não falou sobre a receita, mas informou que a medicação distribuída pela farmácia de alto custo é de responsabilidade da Secretaria de Saúde do Estado, que confirmou para a próxima semana o fornecimento.
A falta de remédios, segundo a Secretaria de Saúde, é atribuída a desabastecimentos temporários, causados por fatores como o aumento inesperado da demanda.
“A pasta estadual realiza planejamento periódico dos estoques, com base no consumo e mais uma margem de segurança para garantir que a unidade tenha estoque até que seja abastecida pela próxima compra”, informou.
Remédios em falta
Problema semelhante ao de Maria Aparecida é relatado pela aposentada Vanda Jesus Oliveira de Souza, de Pontal (SP). Ela tem polioneuropatia com inflamação crônica, doença autoimune que enfraquece os músculos, e que já a deixou de cadeira de rodas.
Com um medicamento retirado na farmácia de alto custo da DRS, na Avenida Independência, ela faz tratamento desde 2012 e conseguiu se recuperar, mas desde dezembro o remédio está em falta e as doses que ela tinha acabaram há uma semana.
“Eles falam que não chegou o medicamento, que está em falta. Aí eu pergunto pra eles: mas quando vai chegar? Eles falam que não sabem, estão aguardando”, diz.
Comprar por conta própria o remédio está fora de cogitação, segundo Vanda, que depende de 17 ampolas de 5 gramas da imunoglobulina humana por mês.
“Pra comprar é impossível, é muito caro, e pra sobreviver dependo dessa medicação. Sem ela não tem outro remédio que dê certo, é o único que estabiliza a doença.”
Secretaria da Saúde
Em relação à falta desse remédio, a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado informou que o medicamento foi comprado, mas ainda não foi entregue pelo fornecedor. “A previsão é de que isso ocorra na próxima semana e os pacientes serão comunicados.”
Segundo a Secretaria de Saúde, o medicamento é distribuído aos Estados pelo Ministério da Saúde, que tem feito entregas parciais.
“O Estado tem cobrado reiteradamente o MS e está concentrando esforços para atender os usuários, por meio de remanejamentos, por exemplo. Embora a legislação estipulasse que a entrega total dos itens deveria ocorrer até 20 de dezembro, ainda está pendente a entrega de 30.057 doses do medicamento, valor que corresponde a 36% do valor aprovado.”